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Hezbollah: História, Estrutura e Impacto

Atualizado: 14 de jun. de 2024

Daremos sequência a série, sobre os 5 principais grupos que perseguem cristãos no mundo, hoje falaremos sobre o Hezbollah o quarto grupo terrorista da nossa lista.

Combatentes do Hezbollah seguram bandeiras enquanto assistem ao memorial de seu líder morto, o xeque Abbas al-Mousawi, morto por um ataque aéreo israelense em 1992, na vila de Tefahta, sul do Líbano, em 13 de fevereiro de 2016. (AP Photo/Mohammed Zaatari, arquivo)
Combatentes do Hezbollah seguram bandeiras enquanto assistem ao memorial de seu líder morto, o xeque Abbas al-Mousawi, morto por um ataque aéreo israelense em 1992, na vila de Tefahta, sul do Líbano, em 13 de fevereiro de 2016. (AP Photo/Mohammed Zaatari, arquivo)

História e Formação Hezbollah

Hezbollah, que significa "Partido de Deus" em árabe, é uma organização xiita islâmica fundada no início dos anos 1980 no Líbano, durante a guerra civil libanesa. O grupo emergiu como uma resposta à invasão israelense do Líbano em 1982, com o objetivo de combater a ocupação e promover a resistência contra Israel. Inspirado pela Revolução Islâmica no Irã em 1979, Hezbollah recebeu apoio substancial do Irã, tanto em termos de financiamento quanto de treinamento militar. Essa relação estreita com Teerã foi crucial para o crescimento do grupo, permitindo-lhe desenvolver uma estrutura militar robusta e uma rede social eficaz.

Inicialmente, Hezbollah era uma coalizão de várias facções xiitas, unidas pela ideologia de resistência contra a ocupação israelense e pelo desejo de estabelecer um estado islâmico no Líbano. Ao longo dos anos, o grupo consolidou seu poder e se transformou em uma força política significativa no país. Em 1992, após o fim da guerra civil libanesa, Hezbollah decidiu participar do processo político, ganhando assentos no parlamento libanês. Esta decisão marcou a transição do grupo de uma milícia exclusivamente militar para uma organização político-militar, com uma presença significativa na vida política e social do Líbano.


Estrutura e Atividades

Hezbollah é conhecido por sua estrutura complexa, que inclui um braço militar, uma ala política e uma extensa rede de serviços sociais. O braço militar, denominado "Jihad Islâmica", é responsável por operações de guerrilha, ataques terroristas e defesa territorial. Este segmento do grupo é bem treinado e equipado, tendo participado de vários conflitos contra Israel, incluindo a guerra de 2006, onde mostrou uma capacidade significativa de resistência e infligiu danos consideráveis às forças israelenses. Além de suas operações no Líbano, o braço militar de Hezbollah tem estado envolvido em conflitos regionais, como a guerra civil na Síria, onde lutou ao lado do regime de Bashar al-Assad.

A ala política de Hezbollah desempenha um papel importante na governança do Líbano. O partido participa de eleições parlamentares e municipais, e tem representantes no governo. Sua influência política é complementada por uma rede de instituições de caridade, escolas, hospitais e programas de desenvolvimento comunitário que fornecem serviços essenciais a milhares de libaneses, especialmente nas áreas xiitas. Esta rede de serviços sociais fortalece a base de apoio de Hezbollah entre a população, permitindo-lhe manter um grau de legitimidade e apoio popular que poucas outras organizações militantes conseguem alcançar.


Impacto e Controvérsias

Hezbollah tem um impacto profundo e multifacetado no Líbano e na região do Oriente Médio. Internamente, o grupo é visto por muitos libaneses, especialmente entre a comunidade xiita, como um defensor contra a agressão israelense e uma força de estabilidade e provisão de serviços em um país frequentemente marcado por instabilidade política e econômica. No entanto, Hezbollah também é uma fonte de controvérsia significativa. Muitos o acusam de atuar como um estado dentro do estado, desafiando a soberania do governo libanês e contribuindo para a instabilidade no país. A posse de um arsenal militar independente do exército libanês é um ponto de contenção, assim como suas atividades paramilitares e a influência política que exerce.

Internacionalmente, Hezbollah é designado como organização terrorista por vários países, incluindo os Estados Unidos, Canadá e Israel, devido a seu envolvimento em ataques terroristas e suas ligações com o Irã. Os atentados bombistas à embaixada dos EUA em Beirute em 1983 e ao centro comunitário judeu em Buenos Aires em 1994 são atribuídos ao grupo, reforçando sua reputação como uma organização que não hesita em usar o terror como ferramenta política. A participação de Hezbollah na guerra civil síria também trouxe críticas e sanções internacionais, aprofundando as divisões sectárias na região e exacerbando o conflito.

Em resumo, Hezbollah é uma organização complexa que combina atividades militares, políticas e sociais, exercendo uma influência significativa no Líbano e além. Embora seja visto por seus apoiadores como uma força de resistência e um provedor de serviços essenciais, também é amplamente criticado por seu papel em perpetuar a violência e a instabilidade na região. A dualidade de sua natureza – como ator social e militar – continua a ser uma fonte de tensão tanto dentro do Líbano quanto na arena internacional.


Perseguição de Cristãos pelo Hezbollah


conflito entre Israel e Hezbollah
conflito entre Israel e Hezbollah

Contexto Histórico e Motivações

Hezbollah, uma organização xiita islâmica com raízes no Líbano, é amplamente conhecida por sua resistência contra Israel e sua forte influência política e social no Líbano. No entanto, sua relação com as comunidades cristãs no Líbano e na região é complexa e multifacetada. Historicamente, o Líbano é um país de diversidade religiosa, com cristãos maronitas, ortodoxos e outras denominações coexistindo com muçulmanos sunitas e xiitas. Hezbollah, enquanto movimento político-militar, opera dentro dessa paisagem religiosa diversificada, e suas ações em relação aos cristãos são influenciadas por um conjunto de motivações políticas e religiosas.

Embora Hezbollah não tenha uma agenda explicitamente anti-cristã, suas atividades frequentemente resultam em pressões e perseguições indiretas contra comunidades cristãs, especialmente quando os interesses do grupo entram em conflito com os das comunidades cristãs locais. A organização busca consolidar seu controle sobre áreas estratégicas e, ao fazê-lo, frequentemente confronta grupos cristãos que resistem à sua influência. Em áreas onde Hezbollah exerce controle militar ou político, as comunidades cristãs podem enfrentar discriminação, intimidação e restrições em suas práticas religiosas e culturais.


Intimidação e Violência

Hezbollah tem sido acusado de utilizar táticas de intimidação e violência para silenciar a oposição, incluindo grupos cristãos que se opõem à sua hegemonia. Em várias ocasiões, líderes cristãos e ativistas que criticaram abertamente Hezbollah ou se alinharam com forças políticas rivais foram alvo de ameaças, sequestros e, em alguns casos, assassinatos. Essas ações têm um efeito paralisante, dissuadindo a dissidência e forçando muitas comunidades a conformarem-se ou a se retirarem da vida política ativa.

Além disso, durante conflitos armados, como a guerra de 2006 entre Hezbollah e Israel, as comunidades cristãs no sul do Líbano e em outras áreas de conflito sofrem enormemente. A presença de Hezbollah e suas atividades militares transformam essas regiões em zonas de guerra, resultando em destruição de propriedades, deslocamento forçado e perda de vidas. A proximidade de áreas cristãs com bases ou instalações de Hezbollah pode torná-las alvos involuntários de retaliação israelense, exacerbando a vulnerabilidade dessas comunidades.


Discriminação e Exclusão Social

Em termos de discriminação social, Hezbollah, através de sua influência política e controle de certas áreas, pode marginalizar comunidades cristãs ao limitar seu acesso a recursos e serviços. Em áreas onde o grupo exerce controle significativo, a alocação de ajuda humanitária, empregos e recursos pode ser desproporcionalmente favorecida para aqueles que apoiam ou são afiliados ao Hezbollah, deixando as comunidades cristãs em desvantagem. Além disso, o domínio de Hezbollah em certas regiões pode resultar em pressão social para que os cristãos se conformem a normas e práticas que não refletem sua fé ou cultura.

A exclusão social também pode manifestar-se em formas mais sutis, como a dificuldade em obter licenças para construir ou renovar igrejas, ou na intimidação de cristãos que tentam manter uma presença religiosa visível. A coexistência em áreas controladas por Hezbollah muitas vezes força os cristãos a uma existência subjugada, onde sua liberdade de expressão e prática religiosa é restringida de várias maneiras.


A perseguição de cristãos pelo Hezbollah não é tão explícita quanto a de grupos como ISIS, mas é uma realidade que muitas comunidades enfrentam de forma indireta e multifacetada. A pressão vem na forma de intimidação, violência, discriminação e exclusão social, criando um ambiente onde a prática livre e segura da fé cristã é constantemente ameaçada. Para muitos cristãos no Líbano e na região, viver sob a sombra de Hezbollah significa uma existência marcada por incerteza e vulnerabilidade, destacando a necessidade de uma atenção contínua e esforços para garantir a liberdade religiosa e a proteção das minorias religiosas em contextos de conflito e domínio sectário.

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